Campo Grande (MS) – A maratona, desde sua origem, está intrinsecamente ligada a histórias de superação. Segundo a lenda que conta sobre o surgimento da modalidade, em 490 a.C., um soldado teria corrido 40 quilômetros com o objetivo de chegar em Atenas para dar a notícia da vitória dos gregos sobre os persas e evitar um grande massacre. A Maratona de Campo Grande, que ganha sua primeira edição entre os dias 8 e 10 de julho, também nasce permeada de histórias marcantes. A competição é organizada pela H2O Ecoturismo, realizada pela Associação Desportiva Atletas de Cristo (Adac), com apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundação de Desporto e Lazer (Fundesporte).
Uma delas é a do professor e atleta Carlos Alberto Rezende, de 57 anos, o Carlão. Depois de ter sido fumante por mais de 30 anos e passar por um transplante de medula em 2016, quando ficou 120 dias internado, ele saiu do hospital com o propósito de voltar à atividade esportiva. “Eu assisti matérias na televisão com atletas transplantados e isso me inspirou. Em meados de março de 2017, comecei com caminhada e academia para fortalecimento muscular, evoluindo para a corrida. Em 2017 mesmo fiz 10 corridas de rua de 5 km e corri minha primeira São Silvestre, isso sempre com orientação técnica e profissional de educadores físicos”, conta.
Em 2021, Carlão viveu um momento histórico: correu a São Silvestre junto ao seu doador de medula, o jovem de 28 anos Luiz Eduardo Andrade, do Paraná. Neste ano, os dois estarão juntos novamente em MS para correr os 21 km da meia maratona oferecida pela Maratona de Campo Grande. “Tenho com o meu doador, o Dudu, o projeto Irmãos de Sangue. Já fizemos a São Silvestre no ano passado, vamos fazer de novo esse ano, e na Maratona de Campo Grande vamos fazer nossa primeira meia maratona juntos, então vai ser sensacional. Não é comum, é quase inédito um doador e um receptor correrem juntos”, completa.
A empresária Mary Donato, de 66 anos, também encontrou na corrida a força para se recuperar de um transplante. “Iniciei a quimioterapia em maio de 2021, e em dezembro fiz o transplante de medula óssea. Já em janeiro iniciei caminhadas e após isso trotes leves. Segundos toda a equipe médica, a atividade física fez toda a diferença, tanto no transplante quanto na recuperação”, conta Mary. Na primeira prova pós-transplante, a Meia Maratona Cataratas, em março, ela teve a surpresa de ser a primeira colocada em sua faixa etária. Na Maratona de Campo Grande, vai correr novamente os 21 km. “O objetivo é completar a prova bem física e mentalmente e com grande satisfação de estar participando da primeira prova em casa pós-transplante”, conclui.
Transformações operadas pelo esporte
Para a empresária Talita Terra, de 37 anos, a corrida marcou uma mudança de vida. “Sempre tive vontade de correr, mas era só vontade, porque sempre fui obesa, desde criança. Eu olhava aquelas pessoas correndo, aquela energia, e falava: um dia vou correr. Quando estava com 36 anos, apareceu para mim um patrocinado da prova Bonito 21K, em setembro de 2020. Contratei um professor e me inscrevi nessa prova, foi a primeira corrida que fiz na vida, com apenas 60 dias de treino. O combinado com o meu professor era que eu não poderia caminhar, tinha que correr o tempo inteiro, e assim foi”, relata.
Desde então, foram 25 quilos eliminados e uma nova vida conquistada. “O esporte é mágico, ele nos impacta de inúmeras e imensuráveis maneiras. O esporte te devolve energia, faz você entender o quanto é capaz de resolver problemas difíceis em outras áreas da vida e é um excelente remédio para problemas de saúde mental”, resume Talita, que organizou um grupo de iniciantes para correr com ela os 7 km na Maratona de Campo Grande, incentivando novos amigos a iniciar no esporte.
Já a técnica de alimentos Sandra Batista, 38 anos, mãe de dois filhos, começou a correr para superar uma depressão severa, pela qual passou após um longo e invasivo tratamento de câncer que seu primeiro filho enfrentou com apenas sete meses de vida. “Comecei a correr quando tive meu segundo filho, quando ele nasceu virou uma chave na minha cabeça que eu precisava melhorar, que precisava me tornar alguém melhor para mim para ser uma mãe melhor para os meus filhos. Eu quis mudar de vida, comecei a olhar para mim como mulher e não gostar do que via, era sedentária, não me alimentava bem, não tinha disposição, comecei a me preocupar com a minha saúde”, relembra.
Para Sandra, atualmente, a corrida se tornou seu “santo remédio”. “A corrida me mostrou a vida, me trouxe amigos, é minha válvula de escape. Quando não estou bem, saio para correr, solto todo o stress e me faz muito bem. O que me levou para a corrida foi essa alegria que ela me trouxe e essa sensação de conseguir enfrentar qualquer problema e de ser incansável em busca dos meus objetivos”, finaliza.
Sobre a prova
A Maratona de Campo Grande será realizada no asfalto e terá, além da maratona que carrega no nome, percursos de 7 km, 21 km e o kids, especial para crianças de 3 a 13 anos. Além das provas, haverá também outras programações no evento, como uma feira esportiva, atrações culturais e bate-papo com influenciadores da área.
Serviço
A primeira edição da Maratona de Campo Grande será realizada de 8 a 10 de julho, na capital de Mato Grosso do Sul, com largada e chegada no estacionamento do Shopping Bosque dos Ipês. A realização é da Adac e a organização é da Agência H2O Ecoturismo. Apoio: Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, Fundesporte, Prefeitura de Campo Grande, BTG Case, Neo Esportes, Probiótica, Vitamina A+, Audi Center Campo Grande. Mais informações pelo Instagram @maratonacampogrande e pelo site: www.maratonadecampogrande.com.br.
Lucas Castro – Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), com informações da H2O Ecoturismo
Foto de destaque: Valter Patrial