Campo Grande (MS) – Fernando Rufino de Paulo chegou ao Japão para fazer história e conseguiu. O sul-mato-grossense alcançou o maior feito da história da paracanoagem brasileira em Jogos Paralímpicos, conquistando a tão esperada medalha de ouro. O bolsista do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul subiu ao lugar mais alto do pódio da Paralimpíada de Tóquio-2020 nesta sexta-feira (3), nos 200 metros da classe VL2 (canoa havaiana para atletas com deficiência física).
O “Cowboy de Aço”, nascido em Eldorado e criado em Itaquiraí, liderou a final do começo ao fim e chegou ao melhor tempo da história da prova, com a marca de 53s077, disputada nas raias do Sea Forest Waterway, na capital japonesa. Com ritmo intenso, a cada remada se distanciava mais dos oponentes. O paratleta de Mato Grosso do Sul cruzou a linha de chegada com mais de dois segundos à frente do segundo colocado, o estadunidense Steven Haxton (55s093). O bronze ficou com Norberto Mourão, de Portugal, que fez o tempo de 55s365.
“Essa medalha aqui é nossa, é minha e de todo o povo brasileiro. Essas listras na minha blusa aqui do verde, amarelo e azul aqui simbolizam essa medalha e é para vocês, povo do meu Brasil, povo do sertanejo, do campo, da cidade”, comemorou o peão da paracanoagem, em entrevista ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). “‘Tamo junto’ aqui. Essa conquista é nossa. Deus nos presenteou, minha família. ‘Bão demais!’ Muito contente com essa medalha. Vamos comemorar que agora é só alegria”, prosseguiu o paratleta de 36 anos.
Rufino ainda fez uma reflexão sobre a pandemia e dedicou a medalha histórica às vítimas da Covid-19. “Este ouro dedico ao ano difícil de pandemia que as pessoas tiveram, a todos que perderam pessoas queridas. Eu perdi gente que amava. Este ouro é uma forma de alegrar o povo. O brasileiro é um povo lutador e vibrou comigo”.
Esta foi a primeira participação do “Cowboy de Aço” numa Paralimpíada. O sonho de vestir as cores do Brasil em Jogos Olímpicos poderia ter sido realizado em 2016, no Rio de Janeiro, porém o paracanoísta, contemplado pelo Bolsa Atleta, programa do Governo do Estado, administrado pela Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), foi cortado da seleção tupiniquim por problemas cardíacos.
Na Tóquio-2020, o sul-mato-grossense também disputou os 200 metros KL2 (caiaque) e acabou na sexta posição, com a marca de 43s217. A canoagem brasileira volta para casa com o ouro de Rufino e duas pratas: a de Giovane Vieira de Paula (200m VL3), faturada nesta sexta-feira (3) e também a de Luis Carlos Cardoso (200m KL1), na quinta-feira (2).
Lucas Castro – Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte)
Fotos: Miriam Jeske/CPB