Campo Grande (MS) – Traçar os rumos e propor alternativas para o desenvolvimento do esporte em suas facetas escolar, alto rendimento e participação dos municípios são os objetivos do Plano Nacional do Desporto. Para formatar uma estratégia que traduza a realidade, as necessidades e os anseios do setor, a Subcomissâo Especial da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados promoveu, nesta quinta-feira (29), uma mesa-redonda com a participação do diretor-presidente da Fundesporte, Marcelo Miranda.
No encontro, congressistas, gestores, atletas e ex-atletas, representantes de entidades governamentais e não-governamentais, opinaram sobre temas como: necessidade de definição das funções dos gestores em cada esfera de governo; a complementariedade do esporte educacional e de rendimento; a valorização da Educação Física nas escolas; e o incentivo e acesso à prática esportiva e de lazer nas comunidades. A intenção foi pluralizar o debate e estimular a formalização do plano por meio do Executivo, mas com indicação do Legislativo.
Um dos pontos altos é a proposta de que a gestão do esporte no país siga o modelo da Educação e da Saúde. A ideia é definir e enumerar as principais obrigações de cada ente federativo, sem tirar responsabilidades conjuntas e o dever de todos de promover e oferecer atividades esportivas e de lazer à população. “Precisamos deixar claras as atribuições da União, dos Estados e dos Municípios porque a partir daí poderemos ter uma política de Estado e não de Governo. O gestor vai saber sua função e vai poder atuar direcionado por um plano nacional”, disse o diretor-presidente da Fundesporte.
Outro destaque é a inclusão da Educação Física no cálculo do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O indicador é obtido a partir de dados de aprovação e médias escolares. A disciplina de Educação Física não é computada, o que na opinião dos debatedores, diminui o interesse pela prática esportiva e atividade física nas escolas. “É fundamental criar esse mecanismo porque vemos muitos secretários e diretores preocupados com o Ideb e nesse modelo que temos hoje, sem incluir a Educação Física no cálculo, eles não priorizam e muitos não têm como priorizar o esporte escolar”, analisou Marcelo.
O diretor-presidente da Fundesporte ainda fez coro pelo fim da divisão e exclusão entre esporte educacional, de inclusão social e de rendimento. No modelo atual, há políticas voltadas exclusivamente para cada um dos setores. O escolar e o de participação são vistos como prioritários pelo alcance a grande número de pessoas. O de rendimento é direcionado para a formação e desenvolvimento dos atletas de ponta. A proposta do Plano Nacional do Desporto, apoiada pelos debatedores, é pela atuação conjunta nos setores, promovendo uma continuidade no trabalho com o atleta. “É importante ficar claro que os esportes educacional, de rendimento e social não são excludentes e sim complementares. Não há sobreposição entre eles. O investimento deve ser em todos, de forma que haja uma continuidade, que o atleta não abandone o esporte porque saiu da escola. Queremos que ele continue tendo apoio para ser atleta de ponta e incentive novos praticantes”, disse.
A ideia da Subcomissão Especial do Plano Nacional do Desporto da Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados é participar ativamente da elaboração do documento, ouvindo entidades e profissionais do setor. A mesa-redonda foi proposta para discutir o texto preliminar que será revisado e encaminhado para o Poder Executivo. Entre os responsáveis pela plano estão os deputados Evandro Roman (PSD-PR) e João Derly (Rede/RS).
Veja a fala do diretor-presidente da Fundesporte, no evento, clicando no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=bK249VRYvy4
Aline Morais