Atividade física e o sistema imunológico na velhice
Por Fabiane Macedo*
Este texto discorre sobre relações da prática da atividade física e o favorecimento do sistema imunológico do ser humano, em particular dos que estão vivendo a chamada terceira idade, denominada como velhice, última fase do desenvolvimento humano. A partir do século vinte há o aumento progressivo no tempo cronológico da vida das pessoas, fazendo com que discussões a respeito de fatores que favoreçam a saúde e a qualidade de vida para indivíduos com idade acima de 60 anos se intensifiquem.
O aumento do tempo de vida populacional, analisado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007), indica o crescimento da expectativa de vida dos brasileiros, que dobrou nos últimos 50 anos: passou de 40,5 anos de idade em 1940, para 70,7 em 2007 e tendo a estimativa de 81,3 anos de idade no ano de 2050.
O aumento da expectativa de vida retrata o avanço da medicina, a intensificação das pesquisas que combatem as epidemiologias, as ações da saúde e da educação. Estes fatores estão relacionados às informações de hábitos saudáveis, a criação da organização de atenção básica à saúde da família realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a efetivação do trabalho multidisciplinar dos profissionais da saúde no controle de doenças crônicas e degenerativas, o alinhamento de políticas públicas que incentivam a saúde física e mental e todas as questões em torno do comportamento ativo da população por meio da prática da atividade física.
Observa-se que o comportamento ativo expressado na prática regular da atividade física, articulado à hidratação e a uma alimentação saudável e equilibrada, favorece o fortalecimento do sistema imunológico. Este é formado por um conjunto de células e moléculas, que reconhecem um antígeno, constituindo-se de agentes que reagem a anticorpos desencadeando respostas para destruir ou inativá-lo.
Estudos indicam que a atividade física realizada ao longo da vida aumenta as condições das células de defesa, os linfócitos, que combatem e destroem as células que provocam infecções. Durante o ciclo da vida, o sistema imunológico passa por processos contínuos de mudanças funcionais e morfológicos, que acompanham o desenvolvimento do sistema nervoso e endócrino, chegando atingir o pico de suas funções durante a puberdade e uma gradual diminuição que acompanha o envelhecimento pós-púbere.
A relação envelhecimento, saúde e a não exacerbação do declínio do sistema imunológico podem estar relacionados ao comportamento ativo. Logo, observa-se que a prática da atividade física ao longo da vida contribui para a diminuição do estresse, da depressão e da ansiedade, doenças emocionais que afetam diretamente o aumento dos índices de patologias autoimunes e de neoplasias.
Acredita-se, assim, que apesar de haver muitas variáveis a serem identificadas como positivas para a manutenção da saúde física e mental das pessoas mais velhas, talvez a prática da atividade vida ao longo da vida seja a que possa mais e melhor comprometer favoravelmente o mecanismo do sistema imunológico na velhice.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.