Atividades de lazer e os seus paradigmas em MS
Por Fabiane Macedo*
A Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), por meio da série textual In-Forma-AÇÃO, está comprometida em trazer reflexões sobre as possibilidades de viver o tempo de forma singular e coletiva, para (re)pensar políticas públicas no estado de Mato Grosso do Sul. Este é o segundo texto desta série e objetiva discutir o lazer e seus paradigmas energizados para a alegria, ao bem-estar, à qualidade de vida, à educação e à prática desportiva dos sul-mato-grossenses.
O lazer é uma manifestação do homem entrelaçada nos emaranhados de suas relações com o tempo e o trabalho. Estas relações precisam ser vistas no viés de políticas públicas em que o estado possibilite aos seus cidadãos o direito de escolhas do modo que quer usufruir de seu tempo. O lazer é o tempo, a vida, as narrativas, as ações, a temporalidade de existir no que lhe traz satisfações.
As discussões da Educação Física e dos esportes, anteriores às do lazer, trazem proposições carregadas de sistematizações, regras, ordens, modelos e objetivos que, por vezes, fogem e/ou se perdem nas possibilidades de eixo paradigmático que não se encontram em metodologias, abordagens e tendências estanques. Talvez por isso ainda os entendimentos sobre o lazer no campo da Educação Física e dos esportes sofre resistência acerca da sua magnitude.
Sabe-se que essa resistência, na atuação profissional, para/das manifestações da cultura corporal do homem esteja amarrada por bases teóricas que perpassam por sistematizações anatômicas, fisiológicas, biomecânicas e metodológicas da formação do profissional de Educação Física fixada no século passado. Ou seja, a da (re)produção de comportamentos e da (des)informação do sentido e significado do lazer de forma individual e social em sua intersecção com outras áreas de atuação profissional.
Embora essas sistematizações sejam, sem dúvidas, importantes e necessárias para comporem a formação do profissional de Educação Física, hoje mais do que nunca repensar e propor uma (des)orientação para a utilização do tempo, nas diferentes formas de manifestações de cultura corporal de movimento, seja tão significativa como as demais fundamentações teóricas desta formação. Propõe-se, assim, a pensar no lazer como possibilidade de trans-missão da cultura corporal sem desconsiderar as demais sistematizações que compõem a atuação do profissional de Educação Física.
Entende-se que este profissional (re)pense na assistematização da sua forma-ação e atua-ação compreendida nas mais variadas formas e possibilidades de entendimentos da utilização do tempo para as expressões culturais corporais de movimento, principalmente se estiver dialogando com as gerências que atendem políticas públicas na esfera do lazer da/para a sociedade.
Faz-se necessário um entendimento amplo das características e necessidades do movimento humano, para além do que seja no concreto e fixo das concepções de uma sociedade fixa na produtividade. As políticas públicas implementadas pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundesporte, busca as dimensões teóricas do lazer apresentados na sua totalidade das manifestações articuladas à cultura físico-esportiva-educacional da saúde e do bem-estar.
Considera-se, assim, que as questões do lazer circuladas pela Fundesporte abordem as mais diferentes expressões da cultura corporal do movimento, expressadas nos jogos, danças, lutas, exercícios físicos, esportes, brincadeiras e em tudo que cabe a possibilidade de escolha para estar e ser no tempo de viver dos sul-mato-grossenses.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.