Atividades de lazer – Uma manifestação humana em MS
Por Fabiane Macedo*
Umas das maiores formas da manifestação humana estão ancoradas na capacidade de ser, estar, ter, viver e conviver consigo e com o outro. Esta capacidade chama-se liberdade, liberdade de escolhas do que fazer ou não fazer na variável da vida que quase nunca controlamos: o tempo. Este texto, o primeiro do mês de julho, objetiva pensar nas possibilidades de manifestações da vida humana considerando o viés do tempo.
O tempo permite cumprir atos e, às vezes, atitudes vinculados às necessidades da sociedade atual: a (re)produção. (Re)produção que, aparentemente, justifica-se por (sobre)viver no caos de relações humanas que se modificam conforme a pessoa, o contexto, o tempo e os processos. Pessoas com seus atributos, papéis e demandas se desenvolvem no contexto imediato, os microssistemas, gerador de motivo, de processo e de aquisição de habilidades e competências para a resolução do problema.
O problema, analisando marcos históricos da sociedade atual, articula-se na mudança de paradigma do tempo e trabalho. A Revolução Industrial e o Fordismo marcam o tempo e a lógica de gestão humana, pois eclodem as questões dos serviços prestados pelo seres humanos/funcionários, as determinações de como estes devem fazer, como lidar com o tempo e a importância de se sentirem cansados e com pouco tempo livre para terem o sucesso econômico, profissional, social e até afetivo.
As mudanças nas relações tempo e trabalho trazem de forma mais objetiva tensões em quatro dimensões do/para o comportamento humano: o coletivo e o individual; a motivação e a ansiedade; o sucesso e o fracasso; e de forma mais profunda a vida e a morte. As dimensões trazem elementos paradoxais em que apesar de se poder ter a liberdade para fazer tudo o que quiser na hora que quiser, há a necessidade de se integrar ao posto socialmente e/ou politicamente correto, a vigília sobre o coletivo impede que o individual se torne singular.
Os algoritmos determinam o (des)encaixe da liberdade do tempo, o empoderamento efêmero, líquido e raso de querer dominar o tempo, a (in)paciência das respostas imediatas ao tempo, o soberbo do poder (in)real de quem não se é, e de que nunca será se não ser a do próprio tempo. E neste sentido, a manifestação mais humana que seja a das escolhas do (des)uso do tempo vai ficando no emaranhado da (des)ilusão do amanhã.
O tempo nas atividades de esporte e lazer está atrelado às narrativas do humano, que no instante da realização de suas ações seja onde há espaço de/para ser em suas escolhas, que nas satisfações do agir estejam no presente/agora, que na temporalidade das suas atividades haja o ganho do tempo para ser feliz e, principalmente, para se manifestar no que lhe é próprio, a sua vida.
Considera-se que o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul está comprometido com políticas públicas de ações que oportunizem a oferecer o tempo do individual, respeitando o singular do coletivo, o tempo motivado a alegria, o bem-estar, a saúde e qualidade de vida sem a angustia do amanhã, o tempo de/para sentir o sucesso nas realizações do bom uso de suas funções e dos dilemas sobre as tais ocupações que o ser humano possa usufruir de forma livre e a vontade para entreter, recrear, repousar, aprender, desenvolver e se comportar de (in)formações (des)interessadas de quaisquer obrigações de tarefas, regras, desprazer. Assim sendo, que o lema seja: viva as atividades das manifestações que o tempo que cabe a mim, o humano.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.