(De)forma ao ver o lazer
Por Fabiane Macedo*
Na série de in-forma-AÇÃO do mês de julho, dedicada ao campo das atividades de esporte e lazer, o texto intitulado “(De)forma ao ver o lazer” objetiva (re)pensar a (re)construção do modo que está sendo posto ao imaginário das pessoas as ideias sobre o lazer. Neste sentido, o texto perpassa por uma reflexão social da lógica (in)formalização que chega à saúde, à educação, à Educação Física e suas ramificações, como a Educação Física Escolar.
A Educação Física, componente curricular obrigatório, articula-se aos pilares da formação ética, civil, moral e humana presente na/da dimensão escolar. Tal qual e como a escola, a Educação Física possui uma responsabilidade frente à construção de estruturas de atitudes e valores na formação de pessoas. E a lógica atual da sociedade contemporânea, da (re)produção exacerbada, não permite o tempo para a reflexão do que este aceleramento, imediatismo e caminhos ligeiros estão trazendo de impacto para a vida.
A forma que o lazer foi passado, por vezes na formação humana, vincula-se aos fatores negativos do ócio. E quando se analisa de forma mais profunda e cuidadosa as definições, conceitos e apropriações teóricas sobre o lazer, a prática do ócio se justifica para uma necessidade (in)direta do desenvolvimento humano, relacionada ao estado de bem-estar da criatividade, empatia, engajamento e vínculo da cultura corporal do/para o humano.
A tarefa de rever a construção de conceitos construídos e utilizados como verdades sobre o lazer é uma tarefa desafiadora, visto que possuem conteúdos ocultos impressos na história da humanidade dita produtiva. Os conteúdos e informações sistematizadas estão na organização do pensar da família, perpassando pela escola, mantendo-se na lógica da indústria, do comércio, do trabalho, ou seja, estão nas (in)formações de dentro e fora da escola.
Todavia, entende-se que a escola pode implementar e/ou compartilhar diferentes formas de saberes, e dentre estes está o saber viver. O saber viver traz a possibilidade de estudantes experienciar a cultura do lazer dentre e integrado a processos pedagógicos de diferentes componentes curriculares, tais como a Educação Física, a Geografia, a Ciência, a História, a Arte entre outras.
Na Educação Física, o lazer pode ser vivido de forma viva e intensa de aprendizagem, controle e desenvolvimento do movimento humano desde que a liberdade de escolhas seja uma estratégia e um recurso no processo pedagógico que objetiva a emancipação de pessoas que se expressam por e através de corpos em movimentos.
As abordagens da Educação Física Escolar podem favorecer a (de)formação dos modos que a sociedade ainda enxerga o lazer. A Educação para o lazer nas escolas ocorre na construção individual e coletiva de professores, estudantes, funcionários, família e sociedade em torto da escola. E este fato pode ser um facilitador para a quebra da lógica da insatisfação com o tempo e satisfação com o resultado, o produto.
Educar para saborear, valorizar, respeitar e realizar atividades de lazer para o ambiente escolar e não escolar é uma das gerências do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul. Sendo assim, faz-se necessário e imprescindível as atividades da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte) que são facilitadoras de ações vinculadas a animação, a criatividade, a experiencia pessoal, a autoaprendizado e/ou a contemplação do viver do sul-mato-grossense.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.