Deuses olímpicos e as mulheres que cabem a eles
Por Fabiane Macedo*
A escrita reflexiva intitulada “Deuses olímpicos e as mulheres que cabem a eles” é o terceiro texto do conjunto de in-forma-ações do mês de maio da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte). O objetivo é (re)conhecer a natureza humana e as vicissitudes das mulheres que participam das características da personalidade, dos sentimentos, padrões de pensamentos, organizações dos critérios de avaliações, bem como na atenção seletiva, na consistência e adaptabilidade dos atletas ao treinamento desportivo.
Com elucidações singulares, dotadas as mães de grandes esportistas, entende-se que são nas trajetórias das diferenças individuais que estão as mais infinitas afinidades do coletivo dos atletas. Interpretando o papel das mães, cria-se um mosaico de entendimento sobre as condições e as possibilidades de haver “deuses olímpicos” ao longo do tempo e da distância que se perpetua a humanidade nos eventos esportivos.
Os deuses olímpicos referem-se a seres dotados de poderes, perpetuados de uma divindade que os permitiam se sobressaírem aos demais mortais. Assim como o pensamento contraditório à racionalização do treinamento desportivo, os grandes atletas no imaginário da população se fazem de poderes e variáveis acima dos outros humanos.
Ainda que se obedeça a cronologia histórica do comportamento dos atletas, o trabalho, a dedicação e a relação que estes estabelecem com as mulheres que cabem neles, em particular suas mães, se fazem possíveis ao se reconhecer a natureza e as vicissitudes exigidas nos esportes de rendimento.
Sabido que as mulheres que cabem nos grandes atletas simbolizam a inteligência feminina, protagonistas de enredos que transformam o imaginário de crianças e jovens, em realidade de um universo rico e diversificado do contexto esportivo do adulto, identifica-se variância sem medida quantitativa e objetiva, mas de importância e magnitude qualitativa e subjetiva para o desempenho esportivo, marcado por trajetos e trajetórias guiados pelo feminino.
A desvenda das histórias de atletas que pertencem aos “deuses olímpicos” tem o princípio de que estes estão constituídos de percepções, afetos, intenções e ações de mulheres. Sem equívocos da contrassenha implícita nas tamanhas inquietações provocadoras do engajamento dos atletas aos esportes, a partir das alianças mulheres/mães e atletas, multiplicam-se as criaturas e as criações dos esportes.
A atividade da criatura e da criação dos esportes gera a liberdade e a independência que alicerça o entendimento plural e unificador das dimensões sociais, culturais, econômicas, intelectual e histórica dos esportes. As mulheres que cabem aos atletas estão incumbidas de instruir, acolher e educar no movimento contínuo de que crianças e adultos se fazem nas práticas das diferentes atividades esportivas.
As considerações a respeito das mulheres que estão representadas em cada atleta indicam as construções de alicerces de condições expressas em habilidades, capacidades, aptidões, inclinações, valores, princípios, atitudes, hábitos e interesses para além dos consagrados “deuses olímpicos”.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.