Estimula-Ação motora na infância e adolescência
Por Fabiane Macedo*
Este texto é o segundo da série temática intitulada “In-Forma-AÇÃO: o que movimenta as atividades de esporte e lazer em MS”, que se trata de uma produção mensal de publicações produzidas pela equipe da Fundesporte. Essa escrita objetiva apresentar questões teóricas sobre os fatores que envolvem criança, adolescente e o esporte.
Infelizmente, ainda no século XXI, a temática criança, adolescente e desempenho esportivo carrega (pré)conceitos, inseridos e divulgados por pessoas que não estudam e/ou pesquisam o assunto. Fato que incomoda e atrapalha o planejamento de ações dos professores de Educação Física Escolar e, principalmente, dos treinadores que trabalham com a iniciação esportiva.
As perguntas mais frequentes a serem respondidas são: a) Qual a idade para iniciar no esporte?; b) Criança pode competir?; c) O treinamento esportivo influencia no crescimento ? Ou ainda: d) Qual é a frequência de um treinamento para crianças? Essas quatro perguntas possuem apenas uma resposta: depende.
De uma forma breve, este “depende” envolve outros questionamentos, tais como a) Quais são as exigências biomecânica, biológica e psicossocial desta prática esportiva realizada pela criança e/ou adolescente?; b) Qual é o tipo de programa esportivo que estamos falando?; c) Qual é o estilo dos processos de estimulação, aquisição e especialização das habilidades motoras, do esporte? e d) Qual é a intensidade e a duração dessas atividades ao longo da vida destas crianças e adolescentes?
Podemos dizer que as perguntas devem ser respondidas pelo profissional responsável pelas crianças e adolescentes, o professor de Educação Física. As análises para cada resposta envolvem a complexidade e a organização do esporte, ou seja, o número de intervenientes exigidos que a criança e/ou adolescente precisa dominar para que possa realizar a prática; o processo de prontidão, desenvolvimento, aprendizagem e controle motor, da criança e/ou adolescente, que são interdependentes dos fatores de percepção, cognição e ação do desenvolvimento humano.
Deste modo, considerando as características inatas e as ambientais das crianças e adolescentes, que justificam a hereditariedade e as oportunidades, indicando a direção dos processos de maturação e crescimento físico, pode-se dizer que não se deve polarizar o desempenho esportivo por idade cronológica ou por características do desempenho adulto. Para finalizar, é importante reforçar que a hereditariedade determina o que a criança e/ou adolescente pode fazer, mas é o ambiente que possibilita o que esta/este fará. Sendo assim, o que cabe é oportunidade, encorajamento e a instrução para as práticas esportivas, e para as medidas das variáveis de desempenho esportivo de crianças e adolescentes.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.