Iniciação esportiva: O papel da mãe
Por Fabiane Macedo*
Na iniciação esportiva, o papel da família é gerador de processos de inserção, adesão e desempenho de crianças e jovens. O incentivo e o reforço da família ao comportamento ativo favorecem de forma única a segurança e a afetividade nas práticas esportivas. E neste mês de maio, a escrita direciona a trazer o papel da mãe no contexto esportivo.
Entende-se que dentre os diferentes personagens da família, a mãe vem sendo a autora de orientações para o desenvolvimento emocional de atletas, uma referência na inteligência na/para as relações interpessoais, saberes e conhecimento de entusiasmos, coragem e construção de identidade de crianças e adolescentes em diferentes práticas esportivas.
Diversos atletas indicam a mãe como um diferencial para o encorajamento do desempenho esportivo. No entanto, percebe-se a complexidade envolvida na relação mãe, comportamento de crianças e adolescentes, em especial quando se analisa as variáveis como a motivação, a ansiedade, a tomada de decisões e a identidade dos ditos talentos esportivos, e os treinadores.
A não observação do papel das mães no desempenho de crianças e jovens, de profissionais do esporte, dentre eles os treinadores, podem negligenciar fatores relacionados aos estados emocionais, que são os determinantes para o êxito esportivo, principalmente em ambientes competitivos. Parece que há uma relação positiva entre o papel das mães e o incentivo de crianças e adolescentes, e os resultados eficientes em competições.
Pesquisas vêm mostrando o quão a qualidade de estímulos que valorizam as habilidades e competências de crianças e adolescentes favorecem o seu engajamento em práticas esportivas. No ambiente competitivo, apesar de ser importante a orientação e o acolhimento dos treinadores, é o comportamento dos familiares, mais especificamente das mães, que podem determinar a avaliação que as crianças e adolescentes fazem sobre o contexto, o resultado e a perspectiva do esporte.
A mediação, mãe e treinador, dos estímulos que envolvem crianças e jovens nos esportes, representam uma gama de processos duradouros, favorecedores aos enfrentamentos dos momentos desestabilizadores de crianças e adolescentes, tais como o medo, a insegurança, o estresse, que podem levar ao abandono. Deste modo, principalmente na fase da iniciação esportiva de crianças e jovens, o papel da mãe é indicado como importante e a ser considerado como integrador da formação do atleta.
A conduta e os encaminhamentos da mãe de atleta podem ser favoráveis e até determinantes, pois conectam motivos intrínsecos e extrínsecos da criança e do adolescente para as práticas esportivas. Para tanto, faz-se necessário os treinadores estabelecerem territórios de seus papéis, mas com possibilidades de diálogos com a mãe nas fronteiras que cabem a eles.
Os encaminhamentos da iniciação esportiva de crianças e adolescentes precisam ser observados em uma amplitude que integra papéis, contextos, recursos e os sentidos e significados que o esporte perpassa entre eles. Sabido que, sob o ponto de vista mais específico, a mãe bem como o treinador são agentes transformadores, desde que mediem suas funções e papéis na formação de atletas.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.