Jogos Paralímpicos: há diferença entre iguais
Por Fabiane Macedo*
O texto “Jogos Paralímpicos: há diferença entre iguais” compõe a escrita de reflexões, pensadas para dissertar sobre (de)marcações construídas no imaginário da população, em torno do esporte protagonizado por atletas de alto rendimento, que estão nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. A equidade dos Jogos está nos emaranhados dos processos que envolvem os marcos de adaptações às necessidades das características diferentes entre os atletas paralímpicos.
Os atletas paralímpicos trazem consigo determinadas (de)limitações de mobilidade, de amputações, de visão, de comprometimento mental, entre outras (de)marcações que aos olhos aligeirados os identificam como atletas com deficiência e aos mais cuidadosos e profundos os avaliam como atletas com corpos diferentes.
Historicamente, as Paralimpíadas são oriundas das competições esportivas realizadas para os veteranos da Segunda Guerra Mundial com lesão medular, realizadas em 1948 na Inglaterra. Os Jogos Paralímpicos propriamente iniciaram-se com competições esportivas para pessoas com deficiência física, realizados no ano de 1960 em Roma, na Itália. Só após as Olímpiadas de Seul-1988, o Comitê Olímpico Internacional promove o Comitê Paralímpico Internacional, garantindo novos olhares para as discussões sobre o conjunto de características que há nos corpos diferentes que estão nos esportes.
Atualmente, o Comitê Paralímpico Internacional está constituído por 164 Comitês Paralímpicos Nacionais e quatro federações internacionais que orientam determinações das deficiências. Essas instituições formam um conjunto que ordenam campeonatos mundiais e competições para novas modalidades desportivas, dentre as quais estão hóquei sobre trenó, natação, biatlo, atletismo e esqui alpino.
Sabe-se que há esportes com federações específicas, tais como a de remo, basquete em cadeiras de rodas, canoagem, badminton, hipismo, ciclismo, tiro com arco, rúgbi em cadeiras de rodas, curling em cadeiras de rodas, voleibol sentado, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, vela, triatlo e snowboarding. Além das modalidades esgrima em cadeira de rodas, futebol de cinco, futebol de sete, judô, goalball e bocha.
O Brasil possui um ótimo desempenho, visto que os atletas brasileiros que compõem modalidades dos Jogos Paralímpicos, sobretudo nas modalidades de atletismo e natação, têm uma das maiores conquistas do país. Assim sendo, considera-se neste texto que fala sobre humanos com corpos diferentes, que há a necessidade de se pensar sobre o repertório de potencialidades que existe nas diferenças entre os iguais.
______
* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.