Nas mães dos esportes há a diversidade
Por Fabiane Macedo*
No mês de maio, os textos da sério In-forma-ação, da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), objetivaram o encontro afetivo com as mães do/para os esportes. A última escrita deste mês, intitulada “Nas mães dos esportes há a diversidade”, trata-se mais especificamente de uma homenagem a quem representa os esportes e o público de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexos, queers e outras expressões de gênero (LGBTIQ+): as mães.
Mães são mulheres que, seja pelo ventre, coração ou alma, exercem-se de atos de amor, cuidado, zelo e apreço na diversidade que cabem aos seus filhos. Os filhos LGBTIQ+ são a referência de uma comunidade de pessoas com orientação sexual e/ou com identidade de gênero que não admitem o (pré)escrito no determinismo de uma (in)consciência de resistência à diversidade do encontro consigo e com o outro. Filhos repletos da inteligência e da capacidade de tomada de decisão do movimento de ser o que cabem a eles.
Sem rótulos e determinismo, os esportes e as mães são democráticos e de direito de todos, podendo ser transformadores pelos papéis, recursos e disposições que exercem na vida do público LGBTQI+. No coletivo, as pessoas estão fortalecidas, mas no individual o espaço de acolhimento restringe-se às mães, que minimizam dores, desafetos, vulnerabilidades e fobias.
Na sabedoria da visibilidade humana, as mães são a diversidade, bem como o respeito, a resistência, a denúncia, a tolerância, o apoio, o suporte do que deve reger a humanidade. Destituir o poder que há nas mães do público LGBTQI+, enquanto figuras ativistas, pode favorecer a orientação à autonomia da identidade, legitimada rejeição de fatos e acontecimentos, para além do contexto esportivo, ceifados pela homofobia.
No centro da reflexão está o fortalecimento de políticas públicas que sustentam o alicerce que recorre à exigência do respeito dos desenhos e das costuras que estão se construindo por argumentações, reflexões, ideias, acontecimentos, inspirações de elementos da diversidade nos esportes. Verbalizar sentidos, significados e símbolos de sentimentos que permeiam o público LGBTQI+ e sua experiencia no contexto esportivo é um empreendimento ainda em construção.
Tracejar a escrita em linhas ondulares, flexíveis, arredondadas com o estético, o artístico e o sensível unindo narrativas das mães que gritam, para que os diferentes contextos acolham seus filhos, é uma atividade necessária, senão urgente. Este texto, submerso, compõe a participa-ação de uma rede de apoio e mobiliza-ação mútua às referências à diversidade.
Considera-se, assim, que o texto que fecha as homenagens às mães no mês de maio comunga do entendimento de que se as mães estão em todos os lugares, seus filhos também estão. Mães/filhos estejam em casa, na escola, no trabalho, nas redes sociais, nos contextos esportivos, nas organizações governamentais, na política e no público. Mães/filhos multipliquem-se o individual, o singular, o real e o esperado, sejam ativistas, negociem espaços, combatam o racismo, a desigualdade de gênero e LGBTfobia. Mas não se afastem e não afrouxem no que há de mais belo na diversidade: o amor de mãe e filho.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.