O (des)modelo dos Jogos em época pandêmica: a Olimpíada de Tóquio
Por Fabiane Macedo*
O quarto texto da série In-forma-AÇÃO da Fundesporte, do mês de julho, dedica-se a pensar sobre uma das maiores formas de manifestação cultural das atividades de esporte e lazer da sociedade contemporânea: os Jogos Olímpicos. Estes se caracterizam pela nobreza que se exalta as qualidades do corpo, da mente e do espírito do homem a serviço da preservação dos direitos e da dignidade humana, da promoção da paz entre as nações e manutenção dos princípios olímpicos que vetam todas as formas de discriminação de raça, etnia, crédulos ou qualquer elemento social, econômico, político da sociedade.
Falar do (des)modelo dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021 significa buscar compreender a sua forma-ação de mudanças significativas para que se mantenha o papel, os valores e os propósitos da realiza-ação do Olimpismo em época de pandemia mundial. Com a pandemia da Covid-19, as relações estruturais, históricas, comerciais, sociais e logísticas necessitaram de serem (re)pensadas para que este fenômeno esportivo pudesse ser realizado.
Os impactos e/ou influências do (des)modelo exigido para Tóquio-2021 se constituirá objeto de estudo para pós-Olimpíadas, cabendo neste momento a tentativa de perceber o quão as transformações estão impactando diretamente uma nova forma de perceber, relacionar e viver as Olímpiadas. Isso não apenas pelos seus principais atores atletas e treinadores, mas também em torno de tudo e todos envolvidos com este evento, tais como: a dos espectadores, o da indústria, o do comércio, dos clubes esportivos e das mais diferentes confederações esportivas do mundo.
A percepção, talvez imediata, há duas possibilidades de projeção em torno do (des)modelo dos Jogos Olímpicos de Tóquio: a) em uma perspectiva imediata se identifica a expansão das medidas de biossegurança para a efetivação dos jogos; e b) sob a perspectiva sócio-histórica se verifica a potencialidade de marca categórica da gênese de restruturação dos eventos esportivos.
A herança destes Jogos ainda é uma incógnito, estando para além do novo modelo de realização, chegando a preocupação com o potencial de propagação de variantes da Covid-19. Sabido que atletas foram testados ao chegarem no país, o Japão, e serão testados com continuidade durante os jogos, que as competições serão sem espectadores e/ou com o número mínimo permitido todos respeitarão os critérios de afastamento social, o uso de mascará e o uso de álcool, e que a convivência dos atletas na Vila Olímpica foram descritas com mudanças importantes e significativas, ainda assim as decisões são e estão continuamente sendo reavaliadas.
No entanto, considera-se que o (des)modelo dos Jogos em época pandêmica seja uma medida sábia, inteligente e infinita de fatores positivos para a sensibilização sobre os sentidos e significados do legado que Tóquio-2021 já está deixando para/na história dos Jogos Olímpicos. Diante do cenário imposto pela Covid-19, constata-se que trans-relações esportivas promovem o Olimpismo que há na humanidade.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.