O espetáculo esportivo continua com o avançar da idade
Por Fabiane Macedo*
No mês de junho, os textos da série “In-forma-AÇÃO” da Fundesporte objetivaram aproximações com as pessoas que com o avançar da idade continuaram a prática da atividade física e do esporte. A última escrita deste mês intitula-se “O espetáculo esportivo continua com o avançar da idade”, que discorre sobre aproximações de fatos e acontecimentos positivos, que mantêm pessoas que passaram dos 60 anos de idade e que estão participando de competições esportivas.
No olhar sobre o esporte de rendimento, uma prática esportiva relacionada ao dito espetáculo, de forma ingênua, acredita-se que este esteja vinculado apenas ao atleta profissional. Mas, sob o olhar mais cuidadoso e atento ao contexto e ao número de praticantes inseridos em competições, observa-se que há o aumento de pessoas que estão na terceira idade e que mantêm a dedicação ao rendimento esportivo.
Esta análise indica diferentes fenômenos da sociedade contemporânea, tais quais o aumento da expectativa e qualidade de vida da população idosa que estão praticando esportes com o objetivo do rendimento. O esporte de rendimento integra a manutenção e/ou a potencialização das habilidades inerentes ao atleta que, na terceira idade, busca o rendimento máximo, superando diariamente o seu próprio limite.
A consagração no espetáculo de competições esportivas de pessoas que estão vivendo a velhice precisa ser percebida como um ato de realização que lhe é singular, própria e inquestionável. A prática competitiva dos esportes na terceira idade indica: a capacidade de superação dos próprios limites, a representatividade de valor e hombridade, a resistência física, emocional, social e espiritual.
Em competições em que o idoso está inserido, existe espetáculo, pois o que há de mais belo e leve no comportamento humano se resplandece: a atitude condizente à humildade intelectual, generosidade emocional e coerência ética que o esporte exige em sua constância. Manter-se competitivo com o avançar da idade além de ser desafiador, é uma conquista do/para as análises do rendimento humano.
O rendimento esportivo traduz manifestações profundas dos limites do desenvolvimento humano representados com as (des)cobertas das suas potencialidades e habilidades adquiridas, perdidas e mantidas com o avançar da idade. Neste sentido, indica-se o esporte competitivo para a terceira idade como um meio e não um fim.
O treinamento de pessoas que estão na terceira idade necessita estar direcionado à exploração das capacidades máximas do indivíduo, reforçando os pontos máximos já adquiridos da fisiologia e biomecânica, e buscando analisar as possibilidades de superação dos pontos mais frágeis das questões emocionais.
O espetáculo esportivo continua com o avançar da idade. Mais do que focar o esporte competitivo na vitória do evento, é estar atento no caminhar das mudanças realizadas ao longo da vida, que refletem os motivos de se manter ativo em competições. Com a velhice, chega a maturidade humana, tão esperada por alguns e tão pouco vivenciada por muitos.
Considera-se, assim, que para poder ter e estar com o maior número de pessoas vivenciando a pratica esportiva competitiva na velhice, uma mudança de paradigma deve acontecer. Que se possa perceber que quem compete trazendo consigo a sua narrativa de mais de 60 anos de vida, é o próprio espetáculo, colocando à tona situações e relações com o esporte que estão para além do resultado/produto, está no processo de viver.
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* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.