Os (des)caminhos olímpicos dos espectadores de Tóquio-2020
Por Fabiane Macedo*
O início das Olímpiadas de Tóquio 2020 há uma semana apresenta fatos e fenômenos das mudanças na/da presença dos espectadores/torcida nos locais de competição. Este texto, da série In-forma-AÇÃO da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), o quinto e último do mês de julho, intitulado “O (des)caminhos olímpicos dos espectadores de Tóquio-2020”, propõe pensar sobre as perspectivas de análises destes Jogos Olímpicos, em particular sob a ótica dos espectadores não ausentes.
A presença física de pessoas sempre foi visível e sentida durante os Jogos Olímpicos como um fator motivador de sensações aos atletas. A não presença física, a princípio, fez com que medidas estratégicas para manter a vibração fossem tomadas como a utilização de recursos do áudio de torcidas pré-gravados e disponibilizados durante as competições. Ainda não se sabe o quão a ausência da torcida presencial trará de impacto ao desempenho dos atletas.
No entanto, percebe-se o aumento da presença dos espectadores, não ausentes nos meios de comunicação, como os das redes socias. As Olímpiadas de Tóquio-2020 trouxe a mais moderna sofisticação da tecnologia para o diálogo entre o mundo esportivo, elitizado a pessoas que vivem o alto rendimento atlético e as outras pessoas.
Verifica-se após uma semana de realização dos Jogos Olímpicos, em tempos de pandemia, o aumento indiscutível das condições das/para as analises audiovisuais disponibilizadas na/para a comunicação entre os espectadores. A comunicação se torna mais democrática nos (des)caminhos dos espectadores, visto que oferece condições para a análise de ângulos sobre os esportes, os atletas, os movimentos específicos de cada modalidade, os detalhes biomecânicos e fisiológicos para o desempenho humano durante a competição, além de possibilitar o confronto positivo sob a avaliação de quem apenas vive os Jogos, no período de sua realização, ou seja, de grande parte das torcidas.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio são a maior celebração da humanidade vivida em uma nova perspectiva. A prioridade é a saúde dos povos, considerando a relevância da presença física de outros humanos, os espectadores. Ainda assim, o momento é da/para a continuidade da vida para além do desempenho esportivo. Celebrar este grande momento por meio da comunicação digital é também um fenômeno novo para o cenário do alto rendimento esportivo.
Apesar dos descaminhos da/na comunicação exigidos pela pandemia para esta Olimpíada, a comunicação de alguma forma está chegando aos espectadores, e a sua importância na forma de estabelecer laços integratórios deixam marcas para repensarmos os relacionamentos inclusive no/para o rendimento esportivo. Considera-se, assim, que os descaminhos construídos nas Olímpiadas de Tóquio-2020 possibilitam o reinventar do conhecimento sobre a comunicação entre os povos, mantendo a reciprocidade e a empatia sob a vida de quem precisa viver os Jogos: o atleta e seus espectadores.
______
* Fabiane de Oliveira Macedo é graduada em Educação Física e especialista em Motricidade Humana pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e doutora em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Atualmente, é assessora especial da presidência da Fundesporte.